sábado, 13 de julho de 2013

Brasil - Tipos de Relevo


O relevo é o conjunto de formas que modelam a superfície da crosta terrestre. Ele pode ser modificado por terremotos e movimentos tectônicos, pela erosão causada por processos naturais (água da chuva e ventos, entre outros fatores) e ainda pela interferência humana.

O relevo também é diretamente afetado por outros aspectos ambientais, como o clima, os tipos de rocha e solo e a cobertura vegetal. No Brasil, ele é constituído predominantemente por planaltos, planícies e depressões, embora outros conjuntos, como serras, chapadas, tabuleiros e patamares, também possam ser observados.

Planaltos
Os planaltos são terrenos relativamente planos e situados em áreas de altitude mais elevada. São limitados, pelo menos de um lado, por superfícies mais baixas. No Brasil, são exemplos o Planalto Central Brasileiro, o Planalto Centro-Sul Mineiro, os planaltos da Região Amazônica e os planaltos da bacia sedimentar do Paraná.

Planícies
As planícies são áreas planas ou suavemente onduladas, formadas pela deposição de sedimentos transportados pela ação da água ou do vento, por exemplo. Em geral, encontram-se em regiões de baixa altitude. Por surgirem da deposição de sedimentos inconsolidados (partículas que não se assentaram) vindos de outros locais, são relevos mais recentes que outros. Entre as planícies brasileiras, destacam-se a do Pantanal mato-grossense, a do rio Amazonas e seus principais afluentes e as encontradas no litoral do país.

Depressões
As depressões são um conjunto de relevos planos ou ondulados que ficam abaixo do nível altimétrico (de altitude) das regiões vizinhas. Exemplos de depressão no Brasil podem ser encontrados na Região Amazônica, como as depressões do Acre e do Amapá. Encontram-se ainda na Região Sudeste, onde sítios urbanos aproveitaram as características favoráveis do relevo para a construção de grandes cidades, como São Paulo e Belo Horizonte.

Serras
As serras constituem relevos acidentados, geralmente em forma de cristas (partes altas, seguidas por saliências) e topos aguçados ou em bordas elevadas de planaltos. A Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira são bons exemplos. As chapadas e os tabuleiros são relevos de topo plano formados em rochas sedimentares, normalmente limitados por bordas com inclinações variadas.

Chapadas
As chapadas estão situadas em altitudes medianas a elevadas. São exemplos no Brasil a Chapada Diamantina, as chapadas dos Guimarães e dos Parecis. Os tabuleiros são encontrados em altitudes relativamente baixas, podendo ocorrer nas faixas costeiras e interiores. No litoral, predominam na Região Nordeste e, no interior, na Região Amazônica.

Patamares
Por fim, os patamares são formas planas ou onduladas que constituem superfícies intermediárias ou degraus entre áreas de relevo mais elevado e áreas mais baixas. São encontrados na Região Nordeste entre as depressões sertanejas e a Serra da Borborema e na bacia sedimentar do Paraná, formando degraus entre níveis diferenciados de planaltos.

Fonte: http://www.brasil.gov.br/sobre/meio-ambiente/geografia/tipos-de-relevo

Ásia - Clima, Vegetação e Relevo


Se analisarmos mapas de clima, relevo e vegetação podemos perceber que eles se relacionam. Algumas afirmações, por exemplo, dizem que "a vegetação é o espelho do clima!" É impossível não relacionarmos também uma área montanhosa ao seu clima ameno...

E quando o assunto é o território asiático, essa realidade não muda. Graças ao seu imenso território, a diversidade natural é muito grande!


Vamos, então, tentar desvendar um pouco dessa terra gigante!

O CLIMA
Retirado da Obra: Expedições Geográficas (2009) - página 149 (9°ano)


A VEGETAÇÃO
Retirado da Obra: Expedições Geográficas (2009) - página 149 (9°ano)

O RELEVO
Retirado da Obra: Expedições Geográficas (2009) - página 150 (9°ano)

Viu com o auxílio dos mapas, como a diversidade natural é marcante nessa terra gigante? 

10 tipos de clima (Equatorial, Tropical, Subtropical, Desértico, Semiárido, Mediterrâneo, Temperado, Frio, Frio de Alta Montanha e Polar); 

10 tipos de vegetação (Floresta Tropical e Equatorial, Floresta Temperada e Subtropical, Tundra, Savanas, Floresta de Coníferas (Taiga), Vegetação Mediterrânea, Pradarias, Estepes, Deserto e Vegetação de Altitude); 

relevo é bem distribuído, com planícies (como a da Sibéria Ocidental; da China), planaltos (como o do Pamir ("o telhado do mundo"); da Arábia; do Decã; do Tibete), depressões (mares de Aral, do Cáspio e Morto (maior depressão do mundo - 395 metros abaixo do nível do mar)) e montanhas (como o Monte Everest).

Vale ressaltar algumas considerações sobre esse ambiente natural da Ásia:
  • Os Oceanos Índico, Pacífico e Glacial Ártico banham o continente!
  • A vegetação de Tundra está relacionada região de clima polar no norte da Ásia (Região de "terras baixas")!
  • Cordilheira do Himalaia (maior cadeia montanhosa do mundo, em altitude, e onde se localiza o Monte Everest - 8.848 metros de altitude) carrega também um clima frio de alta montanha e vegetação de altitude!
  • Predominam Florestas de Coníferas (Taiga) no norte, sendo o clima característico o Frio. O relevo se caracteriza por sua altitude entre média e baixa!
  • Os climas Desértico e Semiárido se relacionam a vegetação de Deserto e de Estepes e se localizam em regiões de planaltos. Destacam-se o Deserto da Arábia e o Deserto de Gobi.

O Continente Asiático: o maior dos continentes - Informações Básicas


Prezados Amigos, Alunos ou meros visitantes!

Chegou a hora de falar um pouco sobre o maior continente do globo terrestre. Qual deles??? A América? A África?? Já sei... a Antártida né?... Fala logo, Professor Luiz!!!

Ok, falo sim (esse post é só o primeiro que falará sobre esse continente. Outros virão e te espero de volta para compartilharmos conhecimentos).

É o seguinte, das terras emersas dos seis continentes da Terra, 30% estão na Ásia. Seu território é muito vasto: 45 milhões de km²!  A quase totalidade do continente está no Hemisfério Oriental (25° a 180°, a leste de Greenwich), mas uma pequenina parte da Ásia se encontra no meridiano 170° oeste... Ou seja, o Ocidente também tem Ásia, e na divisa com a América!!! E essa divisa tem nome específico? Sim, chama-se Estreito de Bering!

Países... São poucos, rs: 
Afeganistão, Arábia Saudita, Armênia, Azerbaijão, Bangladesh, Barein, Brunei, Butão, Camboja, Catar, Cazaquistão, China (+Hong Kong +Tibete+Taiwan --> Regiões Administrativas), Cingapura, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Filipinas, Geórgia, Iêmen, Ilhas Maldivas, Índia, Indonésia, Irã, Iraque, Israel, Japão, Jordânia, Kuwait, Laos, Líbano, Macau, Malásia, Mongólia, Mianmar, Nepal, Omã, Palestina, Paquistão, Quirguistão, Rússia, Síria, Sri Lanka, Tailândia, Taiwan, Tajiquistão, Timor Leste, Turcomenistão, Turquia, Uzbequistão, Vietnã!
OBS.: Rússia e Turquia são países transcontinentais (presentes na Europa e na Ásia)

População 
à De acordo com dados de 2010, a população asiática é composta por cerca de 4,2 bilhões de habitantes! É, ou não é, muita gente?! A nível de comparação... a população mundial corresponde a aproximadamente 7 bilhões de pessoas! E se não matei minhas aulas de matemática, isso corresponde a 60% do total de pessoas!


sábado, 6 de julho de 2013

Inglaterra, Grã Bretanha, Reino Unido... Chegou a hora de diferenciá-los!


Diferenciar Inglaterra, Reino Unido, Grã Bretanha... muitas vezes não é tarefa fácil!!! Essa diferenciação, todavia, pode ser melhor esclarecida a partir dessa leitura. 

        Mapa em que estão presentes: Inglaterra, Grã-Bretanha, Reino Unido...
Retirado de: http://guiaemingles.blogspot.com.br/2010/08/pais-da-semana-inglaterra.html
               
INGLATERRA: País!!! Que assumiu força política com o tempo, se impondo sobre os vizinhos celtas!   

Inglaterra!
Retirado dehttp://pretha-inglaterra.blogspot.com.br     
                                   
GRÃ-BRETANHA: Grande ilha onde ficam: Inglaterra, País de Gales e Escócia. O termo "Grã-Bretanha" muitas vezes é usado como sinônimo de "Reino Unido" – mas não é correto, pois um dos países do Reino Unido não fica na ilha.   


REINO UNIDO: Estado formado por: Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. A chefe de Estado é a rainha Elizabeth II e o de governo, um primeiro-ministro, eleito por um Parlamento central, em Londres. Nas grandes questões de governo, quem manda é esse Parlamento. Mas Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte também têm assembleias nacionais, com certa autonomia para tratar de questões mais locais.


BRETANHA: "Bretanha", é uma província na França que já foi invadida pela Grã-Bretanha.


ILHAS BRITÂNICAS: É um arquipélago formado por cerca de 5 mil ilhas. As duas maiores são a Grã-Bretanha e a ilha da Irlanda - onde ficam dois países, a Irlanda do Norte (membro do Reino Unido) e a República da Irlanda. Entre as ilhas menores, temos a ilha Jersey.



Um bom resumo! (United Kingdom - Reino Unido / Great Britain -  Grã Bretanha)
Retirado de: http://blog.culturainglesa-ce.com.br/historia/reino-unido-gra-bretanha-inglaterra-entenda-as-diferencas
                                 

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Correntes Marítimas e a formação de Desertos

Postado por: Luiz Carlos Conde Junior!

Os mares e oceanos convivem com a atuação de correntes marítimas, que são porções de água que se movimentam por diferentes direções. A mistura com outras águas é bem pequena, preservando-se sua salinidade, temperatura e cor.

Os ventos são, talvez, os principais responsáveis pela ocorrência das correntes marítimas. No hemisfério Norte, as correntes se movimentam no sentido horário; no Sul, no sentido anti-horário. Esse fenômeno chama-se Efeito de Coriolis e ocorre graças ao movimento de rotação terrestre (movimento que a terra realiza em torno do seu próprio eixo).

Existem correntes frias e quentes. Se a corrente for fria temos uma queda na temperatura na costa que ela irá passar, além da precipitação no oceano, fazendo com que as massas de ar cheguem ao continente sem umidade. Exemplificando: a massa de ar úmido ao se deslocar em direção ao continente, resfria-se ao passar pela corrente fria, provocando chuvas. Continua seu deslocamento, chegando ao continente como massa de ar seco, porque descarregou a umidade sobre o oceano. Daí aparecem desertos, como o do Atacama (originado da Corrente de Humboldt, no Chile e no Peru), e de Kalahari (originado da Corrente de Benguela).

Se a corrente for quente, ela pode impedir o congelamento de mares (como a Corrente do Golfo no Mar do Norte), amenizar temperaturas no inverno, e, algumas estão associadas a massas de ar quente e úmido, provocando chuvas no litoral.




Além de causar grande influência no clima, as correntes marítimas são importantes para a atividade pesqueira, pois quando há encontro de correntes quentes e frias, aumenta a disponibilidade de plâncton, atraindo cardumes. Algumas das principais correntes: Corrente de Humboldt (fria), Corrente do Brasil (quente), Corrente do Golfo (quente). Segue abaixo imagem do Deserto do Atacama, na América do Sul!


sábado, 29 de junho de 2013

O que é rural e o que é urbano no Brasil? - Uma excelente discussão para o mais novo blog do pedaço!

Retirado de: http://www.brasildefato.com.br/node/12787 - Nádia Tubino (Carta Maior) - acessos em 29/06/2013 (adaptado)
Postado por: Luiz Carlos Conde Junior!

O que é rural e o que é urbano no Brasil? Um grupo coordenado pela professora Tânia Bacelar (UFPE) pretende destravar esse nó, num projeto financiado pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário.
O IBGE aponta nossa população rural com 15,64%, quase 30 milhões de habitantes, segundo o censo de 2010. Os pesquisadores acham que pode ser o dobro...
Na raiz do problema um decreto de 1938, governo Vargas, que define como urbano o perímetro definido pelos prefeitos locais. No Brasil cerca de 4 mil cidades têm até 20 mil habitantes. Somos 84,36% de brasileiros urbanos, ou há algo errado nessa história?
O país conta com 5.505 municípios com seus distritos e vilas... é o com mais cidades do mundo. Lembro quando costumava viajar pela Belém-Brasília, em direção ao Tocantins, e passava pelos limites urbanos de municípios localizados nos confins da pátria. A imagem era repetida: uma igreja pequena, uma delegacia e o prédio da prefeitura. Fácil de entender no estado, que na época, a família no poder comandava a administração pública como se fosse uma capitania hereditária. Cada município tem direito ao fundo de participação e de muitas verbas federais. Então, quanto mais, maior a verba.
Empregos desapareceram
Nas décadas de 1960, 1970 e 1980 o Brasil teve um enorme fluxo de migrantes, na maior parte em direção ao sudeste. Foram 27 milhões de pessoas que migraram do rural para o urbano. Os motivos são variados, desde a modernização e industrialização do país, a situação econômica, com falta de empregos na zona rural, o avanço da agricultura mecanizada e da monocultura e os atrativos culturais das metrópoles. Na década de 1990, mais para o final, o fluxo interrompeu e começou a decair.
Ou seja, começou a crescer a população de centenas de municípios considerados rurais, e também começou a inverter o fluxo de migrantes, deixando as metrópoles do sudeste e voltando ao estado de origem.
É preciso entender que entre 1985 e 2006 cerca de 7 milhões de empregos desapareceram na zona rural. A queda, arredondada, foi de 23 milhões para 16 milhões de empregos. Também no mesmo período as propriedades com até 10 hectares, que são maioria no Brasil, perderam cerca de 2 milhões de hectares.
E os donos foram expulsos para o urbano. Mesmo assim elas envolvem um número acima de 4 milhões de unidades e, além de garantir 70% dos alimentos consumidos pelos brasileiros, ainda ocupam milhões de pessoas.
Acabar com o modelo
Portanto, a discussão sobre rural ou urbano não é uma questão teórica. Porque por trás disso tem o agronegócio e a agricultura industrial movida pela química, e do outro lado, a agroecologia e a agricultura familiar, que muito mais do que um modo de produção é um modo de vida, de convívio social e um modelo cultural, que ajuda a manter o pouco que resta de ambiente natural em algumas áreas do Brasil, principalmente na região sul.
A Universidade de Essex, na Inglaterra, diz que existem cerca de 1,4 milhão de agricultores que seguem os princípios da agroecologia no mundo, seus pesquisadores acompanham mais de 200 projetos, corresponde a 30 milhões de hectares. Eles não têm dúvida de dizer que o problema do êxodo rural está no avanço do agronegócio, que desestimula a produção da agricultura familiar e implica na perda da cultura camponesa e dos povos das comunidades tradicionais. No mundo cerca de 1,8 bilhão de pessoas habitam florestas e matas, regiões áridas, encostas íngremes ou terras inadequadas para produção de alimentos.
O ponto central é esse: a quem interessa acabar com a agricultura familiar e camponesa? Se depender das estatísticas, como diz o economista Ignacy Sachs, o Brasil em poucas décadas se tornaria totalmente urbano. Uma discussão que também foi levantada desde a década passada pelo pesquisador José Eli da Veiga.
O plano de realizar esse delírio deve ser dos capitalistas de Wall Street e os clones brasileiros com base na experiência estadunidense – aponta a população rural agrícola em apenas 1%. O problema é que o índice da população não-agrícola, ou seja, mora na zona rural, mas vive da economia urbana, se mantém em 20%.
Uma das discussões que os pesquisadores do projeto bancado pelo MDA deverão definir. Afinal os setores de serviço e industrial das cidades do interior fazem parte do rural. Segundo Tânia Bacelar, a ideia é definir as cidades em faixas demográficas, geográficas e diferenciar nos seis biomas brasileiros definidos – Amazônia, Pantanal, Pampa, Caatinga, Mata Atlântica, Cerrado.
No campo os homens e os velhos
Porém, existem outras perspectivas desse mesmo problema. A população brasileira está envelhecendo rapidamente. Em 2025, o Brasil será o sexto país com maior número de idosos na faixa dos 60 anos – serão cerca de 32 milhões. Uma parte deles vive no campo.
A migração, que começou a cair no final da década de 1990, tornou-se seletiva. As mulheres mais jovens são maioria, na verdade, desde a década de 1980 os demógrafos já registraram este aumento. No caso do Rio Grande do Sul migraram 22% mais de mulheres do que de homens. Porto Alegre é a capital que, desde a década de 1950, conta com maior número de mulheres em relação aos homens. 
Dois pesquisadores, José Carlos Froehlich e Cassiane da Costa Rauber, do curso de pós-graduação em extensão rural da Universidade de Santa Maria fizeram um trabalho sobre o êxodo seletivo na região central do estado, envolve 28 municípios. Na faixa dos 25 aos 59 anos, 25 municípios apresentaram predomínio de populações masculinas, evidenciando um processo de masculinização acentuado:
“O êxodo seletivo intenso ocorre há mais de uma década e se desenha como tendência futura. A masculinização que se desenvolve silenciosamente pode comprometer o tecido social dos territórios rurais, tão importante para a região. Com a emigração jovem agrava-se o processo de envelhecimento populacional. O celibato entre os rapazes rurais já se desenha na região”, registraram os pesquisadores.
O estado de Santa Catarina tem para cada grupo de 100 mulheres, 122 homens. Na Europa, conforme um relatório do Parlamento Europeu do início dos anos 2000, o número de agricultores com menos de 35 anos se reduzirá a zero em 2020.
O sul da Europa, principalmente Portugal e Espanha, registram os índices mais altos de envelhecimento da população rural. O Japão já tem mais de 30% da população na faixa dos 60 anos.
Quem vai produzir a comida? 
É uma encrenca a mais na época da modernização digital, da globalização, dos mercados onipotentes e da mídia desinformada e totalmente urbana. Além disso, os organismos internacionais, como a FAO, costumam bater na tecla do aumento da produção de alimentos até 2050, deveria crescer de 2,3 bilhões de toneladas para mais de três bilhões, um aumento de 50%. Mas não aborda a questão de quem vai produzir esta comida. Será o agronegócio químico e transgênico, com seus equipamentos cada vez mais sofisticados?
Ou vai sobrar espaço para as comunidades familiares, os grupos tradicionais, as cooperativas de assentados – no RS são 327 assentamentos, em 91 municípios e mais de 13 mil famílias-, ou os faxinais do Paraná, um sistema antigo implantado pelos ucranianos no final dos anos 1800 e que ainda tenta sobreviver.
Faxinal é um sistema que mistura a plantação de erva-mate com as araucárias e que se traduz numa produção menor, mas mais diversificada. Em 1997, uma lei estadual definiu o perfil dos faxinais – atualmente são 44, mas em 1994 eram 121, sendo que 19 estão na região de Prudentópolis, numa extensão de 13.870 hectares.
Na década de 1970 o Paraná foi o estado que mais contribuiu para a migração no Brasil, saíram 2,5 milhões de pessoas da zona rural, muitas delas em direção ao Centro-oeste, e agora, indo para a Amazônia. Como diz uma moradora de outra área no sul do Brasil, na região do rio Ibirapuitã, município de Alegrete:
“Às vezes as pessoas dizem: que buraco. Mas eu adoro esse buraco.”
O depoimento consta de outro trabalho da Universidade de Santa Maria (extensão rural) sobre o esvaziamento do pampa gaúcho. A moradora mora a 70 km da sede do município, ou seja, a cidade.
Os filhos precisam sair de casa para cursar o ensino médio que não tem na região e não há transporte público. A passagem custa R$15. Os jovens querem estudar, querem evoluir, como em qualquer outro lugar do mundo. As atividades na região se concentram na pecuária de corte ou soja. Não é nem o emprego urbano que atrai, porque estas cidades continuam registrando êxodo.
Trabalho em comunidade
É uma situação diferente da agricultura familiar colonial, de tradição europeia. Segundo dados do IBGE de 2006, o RS conta com 378 mil estabelecimentos agrícolas familiares que ocupavam 992 mil pessoas – segundo o censo de 2010, 1,6 milhão de pessoas residem em 515 mil domicílios rurais permanentes.
Eles passaram a industrializar os seus produtos, como o caso da agroindústria das famílias Lazzareti e Picolotto, da comunidade linha Savaris, 7 km do município de Constantina, norte do RS.
Eles desistiram de plantar milho e depender das cotações de commodities. Resolveram ampliar uma área de cana-de-açúcar com variedades específicas. Passaram a produzir açúcar mascavo, melado, schmier (geleia), além de cachaça e licores em 14 hectares. São sete famílias que dividem tudo e ainda trouxeram os filhos de volta, que trabalhavam na cidade como assalariados.
Ainda são responsáveis pelo controle, recolhimento e entrega de 320 cestas básicas destinadas as famílias carentes do município, através do Programa Fome Zero. O selo “Vita Colônia”, da COOPERAC, a agroindústria da comunidade, é um dos modelos que viabiliza economicamente a agricultura familiar e camponesa e mantém viva a chama de um modelo de vida que teima em não desaparecer. E que pretende entrar nas estatísticas como integrante do desenvolvimento social e econômico desse país.